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Foto do escritorMaitê A. e Maria Luiza L.

Pinacoteca Universitária realiza Beco dos Artistas: “A luz está neles. Eles são a exposição.”

A 9º Bienal Internacional do Livro, organizada pela Universidade Federal de Alagoas, ocorreu no mês de novembro, no bairro do Jaraguá, ocupando as praças, ruas e prédios públicos do bairro histórico, que recebeu o evento pela primeira vez nessa edição. A Bienal se destacou pelo caráter acessível da programação, que foi gratuita e aberta ao público.

Apesar da paralisação temporária das atividades no espaço físico da Pinacoteca da Universidade Federal de Alagoas, que se encontra fechado para reforma, o museu universitário garantiu sua presença na 9ª Bienal Internacional do Livro com o projeto Pina Ilustra, que segue o histórico do museu de incentivo à produção local e a projetos educativos que integrem o público estudantil à comunidade. Dessa vez, a iniciativa é ainda mais inovadora, já que além de contemplar a realização de oficinas, palestras e mesa-redonda, o evento traz com grande destaque a releitura do “Beco dos Artistas”, originalmente Artist’s Alley, um espaço onde artistas, ilustradores e quadrinistas apresentam e comercializam seus trabalhos em uma grande mesa, enquanto interagem diretamente com o público.

Os artistas que integram o projeto foram selecionados pela curadoria do Studio Pau Brasil, coletivo alagoano que reúne ilustradores dos mais diversos estilos, com foco na produção de mangás. Foram escolhidos 33 artistas para participar dos 10 dias de evento, dentre os quais alguns já fazem parte do coletivo e todos são alunos ou ex-alunos da Ufal, focando sempre na diversidade de estilos artísticos. O Pina Ilustra esteve localizado na Associação Comercial de Maceió durante os dez dias de evento, numa estrutura de revezamento dos artistas ao longo do dia, contando sempre com seis deles em exibição. Essa é a primeira vez que a Bienal de Alagoas conta com um Alley para exposição de arte, formato já consagrado em eventos de cultura geek em todo o mundo.


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Foto: Acervo pessoal


A co-fundadora do Studio Pau Brasil, Janaina Araújo, 29, formada em design pela Ufal e atualmente pesquisadora de quadrinhos e ilustradora, foi uma das principais responsáveis pela seleção dos artistas que integram a Pina Ilustra. É também uma das fortes representantes do estilo mangá no estado e promoveu a oficina “Como criar sua primeira HQ”, no pavilhão das oficinas, na programação da Bienal. Janaína conta já ter participado do Beco dos Artistas em eventos de outros estados e fala sobre a experiência de promovê-lo na sua cidade. “Existem pessoas que chegam e dizem que vieram pelo seu trabalho, mas é ainda mais interessante quando chegam jovens reconhecendo os ilustradores como alagoanos. Essa produção geek é altamente conhecida e consumida por esse público mais jovem, então quando eles chegam aqui e encontram o traço que eles gostam, vendo que esse tipo de produção não é algo tão distante, mas também produzida em Alagoas, é muito gratificante”.

O grande diferencial neste estilo de exibição artística está na interação entre o público e o artista. Os ilustradores dão dicas e orientam aqueles que tem vontade de ilustrar e não sabem muito bem por onde começar. “O direcionamento é muito melhor do que deixar a pessoa seguir um caminho sem rumo, que foi basicamente o que aconteceu com a maioria dos artistas que estão aqui. Quase todos iniciaram no mercado de quadrinhos há muitos anos, quando não havia grande visibilidade no estado, trilhando um caminho na base do erro e do acerto. Os jovens que gostam de desenhar e curtem esse universo chegam achando que vão morrer de fome se trabalharem com arte, mas a gente explica que dá sim pra viver e conciliar com a vida”, afirma Janaina.

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Foto: Acervo pessoal


Airam Amorim, 28, é um dos participantes do beco dos artistas e desenha desde a infância. Formado em design pela Ufal, começou a trabalhar profissionalmente com ilustração apenas em 2019, por nunca ter acreditado que poderia dar certo.= O artista havia integrado somente uma exposição tradicional, a Expo Revelações, que reunia trabalhos artísticos de estudantes e foi realizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, até ser convidado por Janaina para integrar o Beco dos Artistas. Airam disse estar animado com a possibilidade de interação com vários públicos e com a diversidade de estilos dentre os participantes. “O meu desenho não segue muito fan art, são mais retratos e coisas que eu vejo, mas tem espaço para as pessoas que param, elogiam e compram, como também tem espaço pra galera que gosta mais de Comic. Eu gostei dessa curadoria porque ela deu espaço a todos os tipos de ilustração e a interação também é algo muito legal”.

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Foto: Acervo pessoal


Para Tatiana Almeida, museóloga coordenadora da Pinacoteca Universitária, trazer o beco dos artistas a Bienal é um marco para o museu, que inova a medida que dispensa o formato de exposições clássicas, trazendo o artista como “obra-viva”. “Se vocês perceberem, a luz não está nas obras, a luz está neles. Eles são a exposição.”, destaca. E ainda fala sobre o ofício da mediação, que ocorre em todas as exposições do museu e é dispensado no beco dos artistas: “Em exposições tradicionais, no museu, você não sabia o que estava por trás da exposição ou do desenho. Então, quem chega vai ter a oportunidade de ver a obra e interagir com quem está por trás, saber quem é e tirar dúvidas. Aqui, quem explica a obra é o próprio artista.


Ilustradores e estilos

Artistas do estilo cartoon: Airam Amorim, Alexandre Azevedo, Ana Beatriz, André Lima, Ari Firmino, Ariadne Helena, Jean Lins, Lua Lins, Mateus Campos, Nathalia Matos e Sophia Laranjeiras.

Artistas do estilo comic: Dayvid Sappo, Diogo Macedo, Elizângela, Nicolau Neto, Ramiro, Rodrigo Catraca, Téo Pinheiro e Yasmin Falcão.

Representantes do estilo mangá: Alexandre Acioli, Angela Muniz, Antônio Vagner, Don Pomodoro (Bruno), Henri, Janaina Araújo, Kohai (Gabriela), Lita, Louwe’s, Mariana Petrovana, Ollie, Pablo Casado, Pedro Oliveira e San Mergulhão.

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